Dar de beber (e não só) aos milhões que tanta sede têm

A 8º edição do Fórum Mundial da Água, co-organizado pelo Conselho Mundial da Água em cooperação do Governo do Brasil, recebeu o maior número de participantes da história do evento. O Fórum juntou 120.000 cidadãos, incluindo 12.000 delegados e peritos.

Participantes provenientes de 172 países assistiram a mais de 300 sessões e eventos temáticos. Além disso, decisores de 525 instituições e 150 autarcas, governadores e legisladores estatais tiveram uma plataforma para partilhar as suas experiências e boas práticas sobre as melhores formas para garantir a segurança da água.

O 8º Fórum Mundial da Água, celebrado sob o abrangente tema “Compartilhando Água”, mobilizou líderes mundiais, profissionais e sociedade civil para renovar seu compromisso em encarar a segurança hídrica e questões relacionadas de forma integrada. Foi dada especial atenção à ampliação da perspectiva dos jovens, povos indígenas e grupos de mulheres sobre o tema, grupos que são particularmente vulneráveis às crescentes ameaças de insegurança hídrica.

Incentivar as acções e mudanças em questões relacionadas com a água e encontrar soluções para minimizar as crises hídricas foram fundamentais para reforçar a determinação da comunidade global de água de alcançar o Objectivo de Desenvolvimento Sustentável 6 (ODS 6), garantindo acesso à água e saneamento para todos até 2030.

Um dos indicadores deste compromisso é a Declaração Ministerial, para a qual contribuíram 56 ministros e 14 secretários de Estado. Intitulado “An Urgent Call for Decisive Action on Water”, este documento resultou de vários meses de deliberações no período que antecedeu o Fórum Mundial da Água, e salienta áreas específicas que necessitam alterações construtivas. Isto inclui: lidar com a escassez de água; responsabilização das instituições; financiamento de infra-estrutura e gestão da água; soluções baseadas na natureza e incentivar a cooperação transfronteiriça.

Como resultado adicional do 8º Fórum Mundial da Água, a declaração de sustentabilidade exigiu a mobilização urgente de todas as partes para assegurar um futuro em harmonia com o meio ambiente. Para tanto, a declaração defende que a ONU, governos e sociedades devem considerar a água como central para alcançar a sustentabilidade.

“O 8º Fórum Mundial da Água demonstrou, uma vez mais, a importância de reforçar o compromisso político de alocar maiores fundos para maiores necessidades. Não podemos alcançar uma gestão sustentável dos recursos hídricos sem envolver pessoas chave em todos os sectores”, explica o presidente do Conselho Mundial da Água, Benedito Braga.

Os resultados do 8º Fórum Mundial da Água 2018 incluem, entre outros:

· Desenvolvimento de caminhos mais amplos de investimento estratégico, aumentando a resiliência e reduzindo os riscos inerentes às mudanças climáticas;

· Reconhecer a necessidade de intensificar os serviços de saneamento e águas residuais e reutilizá-los de formas novas e diferentes;

· Identificar a agricultura como um dos principais utilizadores de água e um sector que deve ser parte integrante do debate hídrico;

· Estabelecer uma abordagem integrada urbana-rural a ser aplicada para o planeamento e gestão de recursos hídricos;

· Consenso que a legislação e regulamentação claras são pré-requisitos para a implementação efectiva e para permitir investimentos públicos e privados em segurança hídrica;

· Reconhecimento dessa necessidade envolve os utilizadores finais nos processos de tomada de decisão para abordar e superar políticas gerais e investimentos que não reconhecem a diversidade cultural e de género em contextos políticos, económicos e sociais indiferentes.

O Fórum deste ano também observou um equilíbrio das partes interessadas nas sessões durante o Fórum, levando a uma maior percentagem de mulheres e jovens que participam no Fórum e expressando suas perspectivas. A participação das mulheres nos órgãos de decisão foi descrita por muitos palestrantes como um dos maiores desafios que a nossa sociedade enfrenta.

“Deixe que o que ouviu e aprendeu através das experiências apresentadas permitam que partilhe e proteja nossos recursos hídricos. Sinta-se inspirado a agir para melhorar algo – grande ou pequeno – na sua vida, na sua organização ou na sua comunidade. Vamos criar um efeito cascata do espírito do Fórum nos nossos países. Este será o verdadeiro legado desta semana extraordinária que colocou a água no centro da agenda de desenvolvimento global”, concluiu o presidente Benedito Braga, no seu discurso final durante o 8o Fórum Mundial da Água em Brasília.

O Conselho Mundial da Água (World Water Council – WWC) é uma organização internacional composta por diversas partes interessadas, fundadora e co-organizadora do Fórum Mundial da Água. A missão do Conselho visa mobilizar para questões críticas sobre a água em todos os níveis, incluindo o mais alto nível de decisão, envolvendo pessoas no debate e desafiando o pensamento convencional. O Conselho está focado na dimensão política da segurança da água, bem como sua adaptação e sustentabilidade, e trabalha para incluir o tema no topo da agenda política mundial. Com sede em Marselha, França, e criado em 1996, o Conselho Mundial da Água agrega mais de 300 organizações-membro provenientes de mais de 50 países.

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